Os visigodos foram um dos povos germânicos que ocupou os territórios que pertenciam ao Império Romano no Ocidente. Eles faziam parte de uma tribo maior chamada de godos. Os visigodos eram chamados de “godos do oeste”, para se diferenciarem dos ostrogodos ou godos do leste.
Os godos habitavam o território situado às margens do Mar Negro, na atual Romênia. Por volta dos séculos II e III, os visigodos abandonaram seu território natal e se deslocaram em direção a Roma. Eles haviam assimilado vários costumes romanos por já conviverem com as legiões romanas (o exército romano) que ocupavam as regiões em torno do rio Danúbio.
Os visigodos avançaram sobre a Península Itálica e ameaçaram invadir Roma. Para impedir o domínio visigodo sobre a cidade, o imperador Teodósio ofereceu aos visigodos um tratado de federação. Seguiram, então, para o sul da França e lá fundaram, em 418, a cidade de Toulouse, que se tornou a capital do seu reino até o ano de 507, quando foram expulsos pelo rei dos francos, Clóvis I.
Expulsos do território franco, os visigodos deslocaram a capital do seu reino para Toledo, uma cidade no centro da província romana da Hispânia. Como aliados dos romanos, foram os responsáveis por manter a Península Ibérica como uma província romana, submetendo os outros povos germânicos que viviam na região, como os suevos e os alanos.
Quando os visigodos iniciaram os seus contatos com os romanos, eles eram politeístas, assim como os demais povos germânicos. Mas a partir do ano 240, se converteram ao cristianismo ariano (arianismo) pregado pelo bispo Úlfilas. O arianismo afirmava que Cristo não tinha a mesma natureza que Deus e foi considerado como heresia pelo cristianismo católico no Concílio de Niceia, em 325.
As divergências religiosas entre os reis visigodos, que eram arianos e os bispos católicos, que eram autoridades políticas e religiosas muito influentes desde o período romano, se tornaram cada vez maiores, gerando uma série de conflitos internos, que desgastavam o reino.
As guerras religiosas só terminaram com a conversão do rei Recaredo I. Este confirmou a resolução do III Concílio de Toledo, em 589, que bania a doutrina ariana. Dessa maneira, unificou a religião na Hispânia, tornando-se um grande apoiador e proteror da Igreja Católica na Península Ibérica.
Os reis visigodos eram eleitos por uma assembleia composta pela nobreza proprietária de terra e de títulos e pelos membros do clero católico. Para ordenar o convívio entre os visigodos, os romanos e os outros povos que foram dominados pelos visigodos, o rei era considerado o juiz e legislador supremo, além de chefe do Exército. No entanto, como o poder real era eletivo e não hereditário, as brigas pelo poder entre os nobres eram frequentes. Para você ter uma ideia, de trinta e quatro reis visigodos, dez morreram assassinados por seus familiares, nove por cortesãos e apenas quinze faleceram de morte natural.
Mesmo com a queda do Império Romano Ocidental, em 476, os visigodos continuaram a dominar o território da Península Ibérica e o seu reino durou do ano 420 a 711, quando foi dominado pelos árabes muçulmanos.
Marta Silveira – Professora de História Medieval da UERJ